Artrite Psoriásica: Conheça os Sintomas, Diagnóstico e Tratamentos

Você sabe o que é artrite psoriásica? Muitas pessoas já ouviram falar de psoríase, uma condição de pele que causa manchas vermelhas e descamativas. Mas o que nem todos sabem é que a psoríase pode se manifestar também nas articulações, causando dor, inchaço e rigidez. Essa é a artrite psoriásica, uma doença inflamatória crônica que pode afetar não só as articulações, mas também a coluna e os tendões e que faz parte do grupo de doenças também classificadas como Espondiloartrites.

Frequentemente subdiagnosticada, a artrite psoriásica é uma condição complexa que exige atenção. Se não for tratada adequadamente, pode levar a danos articulares permanentes e impactar significativamente na qualidade de vida.

Neste artigo, como reumatologista, meu objetivo é desmistificar a artrite psoriásica de forma clara e acolhedora, explicando o que é, seus sintomas, como é feito o diagnóstico e quais são as formas eficazes de tratamento e cuidado. Acima de tudo, quero oferecer informações úteis e um incentivo para que você busque ajuda médica sempre que necessário. Acompanhe e descubra como o conhecimento pode ser um poderoso aliado em sua jornada por mais qualidade de vida.

 

O Que é a Artrite Psoriásica? Entenda Essa Doença Inflamatória

A artrite psoriásica (APs) é uma doença inflamatória crônica que faz parte do grupo das espondiloartrites. Diferente da osteoartrite (que é degenerativa e ligada ao desgaste), a APs é uma doença autoimune, ou seja, o sistema imunológico do corpo ataca erroneamente os próprios tecidos, causando inflamação.

Essa inflamação pode afetar:

  • Articulações periféricas (Artrite): Pode ocorrer em qualquer articulação do corpo, desde as pequenas dos dedos das mãos e pés até grandes articulações como joelhos, tornozelos, quadris e ombros. A inflamação leva a dor, inchaço, calor e rigidez.
  • Coluna Vertebral (Espondilite): A inflamação pode atingir a coluna (espondilite) e as articulações sacroilíacas (sacroiliíte), causando dor nas costas, especialmente pela manhã ou após períodos de inatividade.
  • Locais de Inserção de Tendões e Ligamentos (Entesite): A inflamação ocorre onde tendões e ligamentos se prendem aos ossos, gerando dor em regiões como o calcanhar (tendão de Aquiles), planta do pé (fascite plantar) ou cotovelos.
  • Dedos Inteiros (Dactilite): Conhecida como “dedo em salsicha”, é a inflamação de um dedo inteiro da mão ou do pé, que fica inchado e dolorido.

A artrite psoriásica está intimamente ligada à psoríase de pele, uma condição autoimune que provoca manchas vermelhas com escamas prateadas. Cerca de 30% das pessoas com psoríase podem desenvolver APs, mas nem sempre a gravidade da doença de pele se correlaciona com a da artrite. É importante saber que a artrite pode surgir antes das lesões de pele, depois delas, ou até mesmo sem que a pessoa tenha lesões de pele aparentes (em casos onde há histórico familiar de psoríase).

Por sua natureza inflamatória e por poder afetar diversas partes do corpo, o diagnóstico precoce e o acompanhamento com um reumatologista são essenciais para controlar a doença, prevenir danos permanentes e preservar a funcionalidade.

 

Causas e Fatores de Risco: Por Que a Artrite Psoriásica Acontece?

A artrite psoriásica é uma doença complexa e suas causas exatas ainda não são totalmente elucidadas. No entanto, sabe-se que ela surge da interação entre fatores genéticos e ambientais, que levam o sistema imunológico a atacar o próprio corpo.

Principais Fatores que Contribuem para o Desenvolvimento da Artrite Psoriásica:

  • Predisposição Genética:
    • Ter familiares de primeiro grau (pais, irmãos, filhos) com psoríase ou artrite psoriásica aumenta significativamente o risco. A presença de certos alelos genéticos, como o HLA-B27, está associada a um risco maior de desenvolver a doença, especialmente nas formas que afetam a coluna.
  • Psoríase de Pele:
    • A psoríase cutânea é o fator de risco mais forte para o desenvolvimento da artrite psoriásica. Cerca de 80% a 90% dos pacientes com APs já têm lesões de psoríase na pele ou nas unhas antes do início dos sintomas articulares.
    • A psoríase ungueal (nas unhas) e a psoríase do couro cabeludo são consideradas preditoras importantes para o desenvolvimento da APs.
  • Idade:
    • APs pode surgir em qualquer idade, mas é mais comum em adultos entre 30 e 50 anos.
  • Fatores Ambientais e Estilo de Vida:
    • Infecções: Algumas infecções, podem atuar como gatilhos em indivíduos geneticamente predispostos.
    • Trauma Físico: Lesões articulares ou traumas podem, em alguns casos, desencadear a inflamação em articulações predispostas (fenômeno de Koebner articular).
    • Estresse: Períodos de estresse físico ou emocional intenso podem agravar tanto a psoríase quanto a artrite psoriásica.
    • Tabagismo: O fumo é um fator de risco conhecido para a psoríase e pode também aumentar o risco e a gravidade da artrite psoriásica.
    • Obesidade: O excesso de peso está associado a um risco maior de desenvolver a doença e pode influenciar a resposta ao tratamento.
  • Sexo:
    • A artrite psoriásica afeta homens e mulheres em proporções semelhantes, embora o padrão de acometimento possa variar (homens tendem a ter mais envolvimento da coluna e mulheres mais artrite periférica).

A combinação desses fatores, juntamente com uma desregulação do sistema imunológico, leva à inflamação crônica que caracteriza a artrite psoriásica. Compreender esses elementos é importante para a prevenção e o manejo da doença.

 

Sintomas da Artrite Psoriásica: Como Reconhecer os Sinais de Alerta?

Os sintomas da artrite psoriásica são variados e podem afetar diferentes partes do corpo, tornando o diagnóstico, por vezes, um desafio. Eles podem surgir de forma lenta e gradual ou de repente, e a gravidade também varia muito entre os pacientes. É crucial reconhecer os sinais de alerta para buscar ajuda médica o quanto antes.

 

Sinais e Sintomas Mais Comuns:

  • Dor, Inchaço e Rigidez Articular:
    • Pode afetar qualquer articulação, sendo mais comum nos dedos das mãos e pés, punhos, cotovelos, tornozelos e joelhos.
    • A rigidez matinal (dificuldade de movimentar as articulações ao acordar) é um sintoma característico de doenças inflamatórias, geralmente durando mais de 30 minutos.
    • A dor pode ser assimétrica (afetando articulações diferentes em cada lado do corpo).
  • Dactilite (“Dedo em Salsicha”):
    • Inflamação de um dedo inteiro (mão ou pé), que fica inchado e dolorido, com aspecto de “salsicha”. É um sinal muito sugestivo de artrite psoriásica.
  • Dor na Coluna e Pescoço (Espondilite e Sacroiliíte):
    • Dor nas costas, especialmente na região lombar ou nas nádegas, que piora com o repouso e melhora com o movimento.
    • Rigidez matinal na coluna.
    • Pode afetar qualquer parte da coluna vertebral e as articulações sacroilíacas.
  • Entesite (Inflamação de Tendões e Ligamentos):
    • Dor onde os tendões se ligam aos ossos. Exemplos comuns incluem dor no calcanhar (tendão de Aquiles), na planta do pé (fascite plantar) e no cotovelo (epicondilite).
  • Alterações nas Unhas:
    • Acometem cerca de 80% dos pacientes com APs. Podem incluir: unhas com aspecto de “dedal” (pequenas depressões na superfície da unha, lembrando os furinhos de um dedal) ou em inglês “pitting nails”, descolamento da unha do leito (onicólise), espessamento, descoloração ou manchas amareladas/marrons. As alterações nas unhas podem, por vezes, ser o único sinal de psoríase antes do início da artrite.
  • Lesões de Pele (Psoríase):
    • Manchas vermelhas com escamas prateadas, que podem aparecer em qualquer parte do corpo, incluindo couro cabeludo, cotovelos, joelhos, umbigo e região das nádegas. A psoríase pode ser leve ou extensa.
  • Fadiga:
    • Cansaço extremo e persistente que não melhora com o descanso, e que pode ser bastante debilitante.
  • Olhos Vermelhos e Doloridos (Uveíte):
    • Inflamação do olho que pode causar dor, vermelhidão, sensibilidade à luz e visão turva.

É essencial procurar um reumatologista se você tem psoríase e começar a sentir dores, rigidez ou inchaço nas articulações, ou se tiver qualquer um desses sintomas de forma persistente, mesmo sem psoríase de pele aparente. A experiência desse especialista é fundamental para diferenciar a APs de outras condições e para iniciar o tratamento mais adequado o quanto antes. Lembre-se: o diagnóstico e tratamento precoces são cruciais para evitar danos articulares e melhorar sua qualidade de vida.

 

Diagnóstico da Artrite Psoriásica: Como a Condição é Identificada?

O diagnóstico da artrite psoriásica é essencialmente clínico, ou seja, baseado na avaliação dos sintomas do paciente, histórico médico e familiar, e exame físico detalhado realizado por um reumatologista. Não existe um único exame de sangue ou imagem que, isoladamente, confirme a doença, mas uma combinação de testes ajuda a excluir outras condições e a corroborar o diagnóstico.

O processo diagnóstico geralmente envolve:

  1. Avaliação Clínica Detalhada:
    • O reumatologista perguntará sobre seus sintomas articulares (dor, inchaço, rigidez), padrões de dor, presença de psoríase na pele ou unhas (atual ou passada), histórico familiar de psoríase ou artrite, e outros problemas de saúde.
    • Será realizado um exame físico para avaliar as articulações, a pele, as unhas, a coluna e os locais de inserção de tendões.
  2. Exames de Sangue:
    • Marcadores Inflamatórios: Exames como Proteína C Reativa (PCR) e Velocidade de Hemossedimentação (VHS) podem estar elevados, indicando inflamação no corpo.
    • Fator Reumatoide (FR) e Anticorpos Anti-CCP: São geralmente negativos na artrite psoriásica, o que ajuda a diferenciá-la da Artrite Reumatoide.
    • Anticorpo HLA-B27: Pode ser positivo em alguns pacientes, especialmente naqueles com envolvimento da coluna, mas sua presença não é exclusiva da APs e não a diagnostica por si só.
    • Outros Exames: Para excluir outras causas de dor articular ou avaliar a saúde geral do paciente.
  3. Exames de Imagem:
    • Radiografias (Raios-X): Podem mostrar alterações características nas articulações afetadas em estágios mais avançados da doença (como erosões ósseas, proliferação óssea).
    • Ressonância Magnética (RM): É um exame mais sensível para detectar inflamação precoce nas articulações, tendões, e especialmente na coluna e articulações sacroilíacas, antes que as alterações sejam visíveis no raio-X.
    • Ultrassonografia Articular com doppler: Quando realizado por um profissional experiente e um aparelho adequado, permite identificar inflamação nas articulações (sinovite) e nos tendões (entesite), sendo útil tanto para o diagnóstico quanto para monitoramento.

 

Tratamento e Cuidados: Gerenciando a Artrite Psoriásica para um Viver Mais Ativo

O tratamento da artrite psoriásica visa controlar a inflamação, aliviar a dor, reduzir o inchaço, prevenir a progressão do dano articular e melhorar a qualidade de vida. Por ser uma doença crônica, o tratamento é contínuo e personalizado, frequentemente combinando diferentes abordagens.

 

1. Medicamentos:

A escolha do medicamento depende da gravidade e das manifestações da doença.

  • Anti-inflamatórios Não Esteroides (AINEs):
    • Podem ser usados para aliviar a dor nas articulações e coluna.
  • DMARDs Convencionais Sintéticos (csDMARDs):
    • São a primeira linha de tratamento para muitos pacientes. Atuam modificando o curso da doença e controlando a inflamação.
    • Exemplos: Metotrexato, Sulfassalazina, Leflunomida.
  • DMARDs Biológicos (bDMARDs):
    • São medicamentos avançados, usados quando os csDMARDs não são eficazes ou tolerados, ou em casos de doença mais grave. Agem de forma específica em moléculas do sistema imunológico.
    • Exemplos: Inibidores de TNF (Adalimumabe, Certulizumabe, Etanercepte, Golimumabe, Infliximabe), Inibidores de IL-17 (Secukinumabe, Ixekizumabe), Inibidores de IL-12/23 (Ustekinumabe), Inibidores de IL-23 (Guselcumabe, Risanquizumabe).
  • DMARDs Sintéticos Direcionados (tsDMARDs – Inibidores de JAK):
    • São medicamentos orais com ação direcionada a vias de sinalização dentro das células, usados em casos selecionados.
    • Exemplos: Tofacitinibe, Upadacitinibe.
  • Corticosteroides:
    • Podem ser usados em doses baixas para controle temporário de crises de dor e inflamação, ou injetados diretamente em articulações específicas.

 

2. Abordagens Não Medicamentosas:

São complementares aos medicamentos e fundamentais para o sucesso do tratamento.

  • Fisioterapia e Terapia Ocupacional:
    • Exercícios para manter a mobilidade articular, fortalecer músculos, melhorar a postura e reduzir a dor. A terapia ocupacional ajuda na adaptação das atividades diárias.
  • Atividade Física Regular:
    • Exercícios de baixo impacto, como natação, caminhada e yoga, são recomendados para manter a flexibilidade, força e bem-estar geral, sempre com orientação profissional.
  • Alimentação Saudável:
    • Uma dieta balanceada e anti-inflamatória pode auxiliar no controle da inflamação e na manutenção de um peso saudável.
  • Controle do Peso:
    • Manter um peso saudável reduz a carga sobre as articulações e pode melhorar a resposta aos tratamentos.
  • Manejo do Estresse:
    • Técnicas de relaxamento, meditação e, se necessário, apoio psicológico podem ajudar a lidar com o impacto emocional da doença.
  • Parar de Fumar:
    • O tabagismo piora a psoríase e a artrite psoriásica, além de reduzir a eficácia de alguns tratamentos.

O acompanhamento regular com um reumatologista é indispensável para monitorar a atividade da doença, ajustar o tratamento conforme necessário, prevenir danos articulares e proporcionar a você a melhor qualidade de vida possível. Em muitos casos, a colaboração com o dermatologista e outros profissionais de saúde pode ser necessária para um cuidado integral.

 

Dicas Práticas e Minha Mensagem Final: Estratégias para Viver Melhor com a Artrite Psoriásica

Conviver com a artrite psoriásica pode apresentar seus desafios, mas é essencial saber que, com o diagnóstico correto, o tratamento adequado e estratégias de autocuidado, é possível controlar a inflamação, aliviar os sintomas e viver com mais autonomia e bem-estar. O conhecimento e a proatividade são seus maiores aliados.

Aqui estão algumas dicas práticas para o seu dia a dia:

  • Busque o Reumatologista: Não ignore dores articulares se você tem psoríase. Quanto antes o diagnóstico e o tratamento, menores as chances de danos permanentes.
  • Comunique-se: Mantenha um diálogo aberto com seu reumatologista sobre seus sintomas e desafios para seguir o tratamento. A adesão ao tratamento e às orientações médicas é fundamental para o controle da doença.
  • Mantenha-se Ativo: Faça exercícios físicos regularmente e com orientação profissional para preservar a mobilidade e a força.
  • Atenção ao Estilo de Vida: Evite o tabagismo, mantenha um peso saudável e utilize técnicas de manejo do estresse.

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Lembre-se: O cuidado da sua saúde é o primeiro passo para um viver com mais qualidade e bem-estar.

Se você está apresentando os sintomas que viu neste artigo, possui fatores de risco, ou simplesmente deseja um atendimento médico especializado, acolhedor e focado nas suas necessidades de saúde, não hesite em buscar orientação.

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Dra. Jaqueline Lopes

Olá! Sou a Dra. Jaqueline, médica Reumatologista formada pela UFMT. Sou apaixonada pela reumatologia e pela arte de ensinar, paixões que me levaram a atuar no meio acadêmico como médica concursada do HCFMUSP-SP por vários anos. Ao optar por me desligar, descobri que a arte de ensinar não está restrita ao meio acadêmico, e pode-se ensinar muito através de uma consulta médica. Assim, ao longo da minha trajetória como médica reumatologista, aprendi que a consulta médica vai muito além de prescrever tratamentos ou diagnosticar condições de saúde. Envolve empatia, escuta ativa, compreensão do paciente como um todo e construção de confiança.

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Dra. Jaqueline Lopes

Olá! Sou a Dra. Jaqueline, médica Reumatologista formada pela UFMT. Sou apaixonada pela reumatologia e pela arte de ensinar, paixões que me levaram a atuar no meio acadêmico como médica concursada do HCFMUSP-SP por vários anos. Ao optar por me desligar, descobri que a arte de ensinar não está restrita ao meio acadêmico, e pode-se ensinar muito através de uma consulta médica. Assim, ao longo da minha trajetória como médica reumatologista, aprendi que a consulta médica vai muito além de prescrever tratamentos ou diagnosticar condições de saúde. Envolve empatia, escuta ativa, compreensão do paciente como um todo e construção de confiança.