Muitas vezes, a saúde dos nossos ossos passa despercebida no dia a dia, mas eles são a base que sustenta todo o corpo, essenciais para nossa mobilidade e qualidade de vida. Com o envelhecimento, algumas condições podem comprometer essa estrutura vital. A Osteoporose, por exemplo, é uma das mais comuns, caracterizada pelo enfraquecimento dos ossos a ponto de aumentar o risco de fraturas, mesmo com pequenos impactos ou quedas.
Conhecida como a ‘doença silenciosa’, a osteoporose muitas vezes só é percebida após uma fratura, o que ressalta a importância da prevenção. A boa notícia é que, com informação, ela pode ser prevenida, diagnosticada precocemente e tratada adequadamente.
Neste artigo, como reumatologista e tendo feito doutorado na USP com foco em Osteoporose, vou explicar de forma clara o que é a osteoporose, suas causas, sintomas de alerta, como é feito o diagnóstico e, principalmente, as melhores formas de prevenção e tratamento. Se você quer cuidar da sua saúde óssea ou proteger quem você ama, este conteúdo é para você. Acompanhe!
O Que é a Osteoporose? Entenda a Fragilidade Óssea
A Osteoporose é uma condição caracterizada pela redução da densidade óssea e pela deterioração da microarquitetura do tecido ósseo. Isso resulta em ossos que se tornam mais frágeis e suscetíveis a fraturas, mesmo com traumas mínimos, como uma queda da própria altura. Em termos mais simples, é como se a estrutura interna dos nossos ossos se tornasse porosa, perdendo sua resistência natural.
Embora a osteoporose possa afetar qualquer pessoa, inclusive homens, ela é significativamente mais comum em mulheres após a menopausa. Isso ocorre devido à queda abrupta nos níveis de estrogênio, um hormônio crucial para a manutenção da saúde e da densidade óssea. No entanto, é vital ressaltar que homens e pessoas mais jovens não estão imunes à condição.
Por se tratar de uma doença que pode impactar drasticamente a qualidade de vida – principalmente pelo risco de fraturas em locais como o quadril, coluna (vértebras) e punho – é fundamental adotar medidas preventivas e buscar acompanhamento médico. As fraturas, especialmente as de quadril, podem levar à perda de mobilidade e independência.
Causas e Fatores de Risco: Por Que a Osteoporose Acontece?
Nossos ossos estão em um processo contínuo de renovação óssea: células especializadas removem o tecido ósseo antigo (reabsorção) e outras células formam novo tecido (formação).
Na infância e adolescência, a formação supera a reabsorção, permitindo o crescimento e o fortalecimento dos ossos, atingindo um pico de massa óssea por volta dos 25 a 30 anos. Após essa fase, entramos em um período de equilíbrio.
A osteoporose ocorre quando esse equilíbrio se rompe, e o organismo passa a perder mais osso do que consegue repor. Esse processo torna os ossos frágeis e mais propensos a fraturas, e pode evoluir silenciosamente por anos, sem sintomas evidentes, até que uma fratura ocorra.
Principais Fatores que Contribuem para o Desenvolvimento da Osteoporose:
- Envelhecimento: É um dos principais fatores. Com o passar dos anos, a renovação óssea se torna menos eficiente, levando à perda progressiva da densidade óssea.
- Alterações Hormonais:
- Mulheres na Pós-Menopausa: A queda significativa nos níveis de estrogênio na menopausa acelera a reabsorção óssea, aumentando dramaticamente o risco.
- Homens Acima dos 70 Anos: Embora a perda óssea seja mais lenta, a redução gradual da testosterona também pode afetar a saúde óssea.
- Deficiência de Cálcio e Vitamina D: O cálcio é o principal componente ósseo, e a vitamina D é essencial para sua absorção e utilização. A ingestão inadequada ou a deficiência desses nutrientes comprometem a formação óssea e aceleram a perda de massa.
- Estilo de Vida Sedentário: A atividade física regular, especialmente exercícios com leve impacto (como caminhada), estimula a formação óssea. A falta de exercícios contribui para a fragilidade.
- Fatores Genéticos e Familiares: A predisposição genética é um fator importante. Histórico familiar de osteoporose ou de fraturas por fragilidade (especialmente fratura de fêmur) aumenta o risco.
- Uso de Medicamentos: Alguns medicamentos podem interferir no metabolismo ósseo:
- Corticosteroides (Prednisona, Dexametasona): Usados em doenças inflamatórias e autoimunes, podem causar perda óssea significativa.
- Anticoagulantes (Heparina): Podem afetar a formação óssea.
- Terapias Anti-Hormonais: Tratamentos para câncer (como câncer de mama e próstata) que visam reduzir a produção ou bloquear a ação de hormônios como estrogênio ou testosterona podem levar à perda de massa óssea e aumentar o risco de osteoporose.
- Outras Condições de Saúde e Hábitos:
- Tabagismo e Consumo Excessivo de Álcool: Interferem na absorção de cálcio e na função das células ósseas.
- Doenças Reumatológicas: Como a artrite reumatóide, podem causar inflamação crônica que afeta a densidade óssea.
- Distúrbios Alimentares: Como a anorexia nervosa, levam à desnutrição e comprometem gravemente a formação óssea.
- Doenças Gastrointestinais: Que afetam a absorção de nutrientes como a doença celíaca.
- Doenças endócrinas: Como hipertireoidismo ou hiperparatireoidismo aceleram a perda óssea.
Sintomas da Osteoporose: Como Reconhecer os Sinais de Alerta da “Doença Silenciosa”?
A osteoporose é, de fato, a ‘doença silenciosa’ por uma razão: na maioria dos casos, ela não apresenta sintomas perceptíveis até que ocorra uma fratura. Contudo, existem alguns sinais de alerta que podem indicar a presença da doença ou um risco aumentado, e que merecem sua atenção:
- Fraturas por Fragilidade (Trauma Mínimo): São as manifestações mais claras. Fraturas que ocorrem após uma queda da própria altura ou mesmo com um trauma mínimo (como tossir, espirrar ou um leve impacto) em locais como punho, quadril, costelas e, principalmente, vértebras, são fortes indicativos de fragilidade óssea e necessidade urgente de investigação para osteoporose.
- Redução da Altura: A perda gradual de estatura ao longo dos anos pode ser um sinal de fraturas vertebrais que passaram despercebidas. Uma perda maior ou igual a 4 cm nas mulheres ou 6 cm nos homens em relação à altura máxima atingida aos 25 anos deve ser investigada.
- Alterações na Postura: O enfraquecimento e colapso das vértebras da coluna podem causar uma postura arqueada (hipercifose, popularmente conhecida como ‘corcunda’), resultando em dor nas costas e limitações de movimento.
- Dor Crônica nas Costas: Embora a osteoporose em si não cause dor diretamente, as fraturas vertebrais (mesmo as pequenas) podem levar a dor crônica e persistente na coluna.
Se você perceber esses sinais, especialmente após os 50 anos, ou tem fatores de risco para osteoporose, é crucial procurar um reumatologista para uma avaliação detalhada da sua saúde óssea. O diagnóstico precoce é a chave para a prevenção de fraturas sérias.
Diagnóstico da Osteoporose: Como a Condição é Identificada e Monitorada?
O diagnóstico da osteoporose começa com uma avaliação clínica cuidadosa do histórico do paciente, incluindo a presença de fatores de risco, histórico familiar e uso de medicamentos. Como a doença costuma evoluir silenciosamente, sem sintomas evidentes até que uma fratura ocorra, exames específicos são fundamentais para detectar a perda óssea e prevenir complicações.
Os principais métodos diagnósticos incluem:
- Densitometria Óssea (DMO): É o padrão-ouro para o diagnóstico da osteoporose e de forma resumida deve ser sempre realizada por mulheres na pós menopausa e homens a partir dos 70 anos. É um exame simples e indolor que mede a densidade mineral óssea em gramas por centímetro quadrado (g/cm²). Os locais avaliados de rotina são a coluna lombar, o fêmur e, em alguns casos, o antebraço. Com base nos resultados, é possível classificar os ossos como normais, com osteopenia (perda óssea leve) ou com osteoporose.
- Radiografias (Raios-X): Embora não sejam eficazes para diagnosticar a osteoporose em estágios iniciais (pois só mostram perda óssea significativa quando mais de 30% da massa óssea já foi perdida), as radiografias de coluna são úteis para identificar a presença de fraturas vertebrais já estabelecidas.
- Exames de Sangue e Urina: Auxiliam o reumatologista na investigação de possíveis causas secundárias da perda óssea (como problemas hormonais ou deficiências nutricionais) e na avaliação dos níveis de cálcio, vitamina D e outros marcadores do metabolismo ósseo.
- Ferramenta FRAX® (Fracture Risk Assessment Tool): Uma vez investigadas as causas de perda de massa óssea é fundamental a avaliação do risco de fraturas pelo FRAX®, uma ferramenta amplamente utilizada e validada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Ele calcula a probabilidade de uma fratura maior por osteoporose (quadril, coluna, antebraço ou ombro) nos próximos 10 anos. O FRAX® é uma ferramenta fundamental para auxiliar o médico na decisão de iniciar ou manter o tratamento, especialmente em pacientes com osteopenia (perda óssea leve) que podem ter um risco de fratura elevado devido a outros fatores, mesmo sem um diagnóstico de osteoporose pela DMO isoladamente. O cálculo do FRAX® leva em conta diversos fatores clínicos do paciente, como:
- Idade, peso, altura, sexo
- Histórico de fratura prévia
- Histórico de fratura de quadril nos pais
- Tabagismo e consumo excessivo de álcool
- Uso de glicocorticoides (corticosteroides)
- Artrite reumatoide ou outras causas de osteoporose secundária
- E, quando disponível, o resultado da Densitometria Óssea.
O acompanhamento por um reumatologista é crucial para interpretar corretamente os resultados desses exames, correlacioná-los com o quadro clínico do paciente e, assim, estabelecer um diagnóstico preciso e iniciar o tratamento mais adequado, direcionado também pelo risco de fraturas avaliado pelo FRAX®.
Tratamento e Cuidados: Gerenciando a Osteoporose para Proteger Seus Ossos
O tratamento da osteoporose é sempre individualizado, com o objetivo principal de prevenir fraturas, reduzir a perda de massa óssea, promovendo a saúde e a autonomia do paciente. As principais abordagens incluem:
- Medicamentos Específicos para Osteoporose: A escolha do medicamento mais adequado é uma decisão complexa, realizada pelo reumatologista caso a caso, considerando a gravidade da osteoporose, idade do paciente, função renal, histórico de fraturas, risco de fraturas pelo FRAX® e outras condições de saúde. Existem diversas classes de medicamentos, que agem de diferentes formas:
- Antirreabsortivos: Impedem a ‘retirada’ do osso antigo, diminuindo a velocidade da perda óssea (ex: bisfosfonatos, denosumabe).
- Formadores Ósseos (Anabólicos): Estimulam a formação óssea, aumentando a densidade óssea (ex: teriparatida, romosozumabe).
2. Alimentação Balanceada: A nutrição desempenha um papel vital.
Inclua alimentos ricos em cálcio, como leite e derivados (iogurte, queijo), vegetais de folhas verdes escuras (brócolis, couve) e oleaginosas (amêndoas).
Invista em fontes de vitamina D, como peixes gordurosos (salmão, sardinha).
3. Suplementos de cálcio e vitamina D: Lembrando que a ingestão adequada de cálcio pela dieta é mais natural e fisiológica, comprimidos de cálcio são indicados apenas quando a ingesta de cálcio pela dieta é inferior a 1000mg de cálcio por dia. Suplementação com vitamina D deve ser sempre prescrita de acordo com valores séricos de vitamina D.
4. Atividade Física Regular e Adequada: Essencial para fortalecer ossos e músculos, e melhorar o equilíbrio.
Exercícios com impacto leve: Como caminhadas ajudam a fortalecer os ossos.
Musculação: fortalece os músculos reduzindo quedas. Entretanto deve ser individualizada de acordo com o grau de osteoporose
Atividades para equilíbrio e força muscular: Exercícios como Tai Chi Chuan, yoga (adaptado) e fisioterapia são importantes para prevenir quedas.
CUIDADO: Exercícios de rotação e flexão excessiva da coluna (como alguns abdominais ou alongamentos intensos) são contraindicados para pacientes com osteoporose na coluna, devido ao risco de fraturas. Sempre busque orientação profissional.
5. Prevenção de Quedas: Tornar o ambiente doméstico mais seguro removendo tapetes soltos, garantindo iluminação adequada, instalando barras de apoio no banheiro e usando pisos antiderrapantes pode ajudar a evitar acidentes que resultam em fraturas. Use ainda calçados adequados e atenção a obstáculos no caminho.
Dicas Práticas e Minha Mensagem Final: Proteja Seus Ossos para um Viver Mais Ativo
Cuidar da saúde óssea é um investimento essencial em todas as fases da vida, mas torna-se ainda mais crítico à medida que envelhecemos. Lembre-se: a osteoporose não é uma sentença para perda de qualidade de vida, mas exige atenção e cuidado.
Para fortalecer seus ossos e manter sua autonomia, considere estas dicas práticas no seu dia a dia:
- Faça exames de rotina: A densitometria óssea regular, conforme indicação médica, é crucial para a detecção precoce da osteoporose e a prevenção de fraturas. Discuta com seu reumatologista a realização do cálculo do FRAX® para uma avaliação mais completa do seu risco.
- Movimente-se com sabedoria: Inclua exercícios como caminhada e musculação leve com orientação na sua rotina para preservar a densidade óssea e a força muscular, e não se esqueça dos exercícios de equilíbrio para prevenir quedas.
- Nutrição amiga dos ossos: Mantenha uma dieta rica em cálcio e vitamina D, e, se necessário, converse com seu médico sobre suplementação.
- Prevenção de quedas no ambiente: Torne seu lar seguro para evitar acidentes.
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Lembre-se: A prevenção e o tratamento adequado da osteoporose são fundamentais para sua saúde e autonomia.
Se você está apresentando os sintomas que viu neste artigo, possui fatores de risco, ou simplesmente deseja um atendimento médico especializado, acolhedor e focado nas suas necessidades de saúde óssea, não hesite em buscar orientação.
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